segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Aula de Língua Portuguesa 9º Ano "A" 11/08 Professora Leonora

 Aula de Língua Portuguesa 9º Ano "A"  11/08 Professora Leonora


No poema a seguir, o poeta Manoel de Barros imagina o eu poético como diferentes objetos do cotidiano, comparando-se a esses objetos para tentar captar a forma de sentir e experimentar o mundo. Primeiro, faça uma leitura silenciosa para captar os sentidos das palavras e imagens que o poema evoca. Depois faça uma outra leitura em voz alta para observar os aspectos sonoros do poema e o que eles sugerem a você.

Durante a leituras, tente descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto em que elas aparecem. Se for preciso, consulte o dicionário.

 

            Sobre meu corpo se deitou a noite (como se

           eu fosse um lugar de paina).

           Mas eu não sou um lugar de paina.

            Quando muito um lugar de espinhos.

            Talvez um terreno baldio com insetos dentro.

            Na verdade eu nem tenho ainda o sossego de

            uma pedra.

            Não tenho os predicados de uma lata.

            Nem sou uma pessoa sem ninguém dentro –

            feito um osso de gado

            Ou um pé de sapato jogado no beco.     

            Não consegui ainda a solidão de um caixote –

            tipo aquele engradado de madeira que o poeta

            Francis Ponge fez dele um objeto de poesia.

            Não sou sequer uma tapera, Senhor.

            Não sou um traste que se preze.

            Eu sou digno de receber no meu corpo os

          orvalhos da manhã.

BARROS, Manoel de. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010. P.365.

Exploração do texto:

1) Manoel de Barros, considerado “poeta das miudezas”, publicou esse poema pela primeira vez no livro Retrato do artista quando coisa. Você vê alguma relação entre o poema e o nome desse livro? (3 linhas)  

2-    

2) Os dois primeiros versos do poema contêm uma afirmação que contribui para criar toda a sensação que predomina no poema.

a) No primeiro verso, existe uma figura de linguagem que você já conhece. Identifique-a.

      (1 linha)

 

3) Ao ler o poema, o que você observa sobre o estado de espírito do eu poético: Ele aparenta estar tranquilo ou sofrendo algum tipo de aflição? Procure justificar sua resposta com elementos ou imagens evocadas no poema. ( 4 linhas)

 

4) O que você entende pela afirmação do eu poético de que é uma “pessoa com alguém dentro”? (3 linhas)

 

5) No poema, há algumas imagens, expressas por meio de metáforas, que traduzem a noção de vazio. Localize algumas delas e procure explicar de que forma o “vazio” se manifesta por meio delas. ( 2 linhas)

 

6) Como o eu poético se descreve ao se comparar a um “osso de gado” ou a um “pé de sapato”? (2 linhas)

 

7) Além do “vazio”, outra temática explorada no poema é a dificuldade de se alcançar o que deseja.

a) Localize um verso que, em sua opinião, traduz essa ideia. (3 linhas)

b) Por que, para o eu poético, pode ser difícil encontrar-se? (3 linhas)

 

RECURSOS EXPRESSIVOS

8)    Nesse poema, o autor utiliza-se diversas vezes de metáforas e comparações.

a)    Localize no poema, um exemplo de metáfora e um de comparação. (4 linhas)

b)    Que efeito a utilização dessas figuras de linguagem provoca no poema? (3 linhas)

9)    Outro recurso empregado com frequência no poema de Manoel de Barros é a negação. Localize exemplos de negações presentes no poema e procure interpretá-los, justificando sua utilização. (4 linhas)

10)    Umas das características comumente encontradas nos textos poéticos é a musicalidade obtida por meio de alguns recursos de linguagem. Observe, por exemplo, o soneto a seguir, em que homem e natureza estão profundamente ligados.

 

Alegres campos, verdes arvoredos

Alegres campos, verdes arvoredos,
claras e frias águas de cristal,
que em vós as debuxais ao natural
discorrendo da altura dos rochedos!

Silvestres montes, ásperos penedos,
compostos em concerto desigual!
Sabei que, sem licença do meu mal,
já não podeis fazer meus olhos ledos.

E pois já me não vedes como vistes,
nem me alegram verduras deleitosas,
nem as águas claras que das fontes vêm,

Semearei em vós lembranças tristes,
regando-vos com lágrimas saudosas,
e nascerão saudades do meu bem.

                                                     CAMÕES, Luiz Vaz de. Sonetos. Lisboa: Atlântico Press, 2012.

Vocabulário:

Debruxais: dais a perceber.

Penedos: rochedos.                       

Ledos: alegres.             

Deleitosas:  que causam prazer, satisfação

 

Agora responda a estas questões:

11) Lendo o poema em voz alta, que recursos de linguagem contribuem para a construção da musicalidade no poema de Camões?

 ( 2 linhas)

12) No poema de Manoel de Barros, alguns desses recursos foram empregados, ou a musicalidade é construída de outras formas? 

( 5 linhas)

13) Lendo o poema de Manoel de barros em voz alta, uma das impressões que podemos ter é de uma prece, uma reza.

14) Há um verso do poema que pode nos ajudar a confirmar essa impressão. Anote-o. 

( 2 linhas)

 Disponível em: Livro Didático Conexão e Uso 

 

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